Para tratar de aspectos relacionados ao câncer de mama e a
importância do diagnóstico precoce, o médico oncologista clínico Michel Fabiano
Alves foi um dos convidados para a sessão especial realizada na Assembleia
Legislativa de Sergipe (Alese), através de um ciclo de debates sugerido por
representantes da Associação dos Amigos da Oncologia (AMO) e da Federação
Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA). O
especialista, também responsável técnico do serviço de oncologia no Hospital de
Urgência de Sergipe (Huse) - unidade de alta complexidade gerenciada pelo
Governo de Sergipe - tem formação oncológica no Sistema Único de Saúde (SUS) e
residência médica pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp),
atuando paralelamente também na rede privada de saúde.
De acordo com Fabiano, a sessão favorece a discussão
de avanços e planejamentos de ações que visam qualificar a assistência à saúde
prestada aos pacientes oncológicos. "Conforme dados americanos, cerca de
um terço das neoplasias que acometem as mulheres são câncer de mama. Nos EUA,
temos 252 mil novos casos por ano, o que não difere muito da realidade
brasileira, sendo esperados 57 mil novos casos para este ano de 2018. Quanto à
mortalidade em decorrência da doença, estão sendo registradas 15 mil pacientes
por ano. Já com base nas estimativas obtidas em Sergipe, fruto dos registros de
câncer hospitalar e de base populacional, espera-se que em 2018, os novos casos
de câncer de mama estejam estimados em 470, sendo que a rede hospitalar de
assistência atende também pacientes provenientes de estados, como Bahia e
Alagoas", explicou.
Segundo o especialista, a justificava plausível para
a abordagem sobre o assunto está em ser o câncer de mama o tumor mais frequente
em mulheres, tendo sobrevida média de 90% após cinco anos de diagnóstico, o que
já representa um grande avanço. "Atualmente, conseguimos contemplar a cura
de várias mulheres. Por outro lado, um em cada cinco casos de câncer de mama já
oferecem diagnóstico na fase mais avançada, em metástase, o que representa a
principal causa de morte por câncer entre as mulheres. No Brasil, a cada hora,
seis novos casos de câncer de mama aparecem. No mundo, a cada 19 segundos, um
novo diagnóstico desse tipo de câncer surge entre as mulheres, e a cada 74
segundos uma mulher morre com câncer de mama", acrescentou Michel Fabiano.
Fatores de risco - A importância do diagnóstico precoce
implica nos benefícios agregados à descoberta da doença em fase inicial. Quando
isso acontece, as chances de cura são altíssimas. Se conseguirmos oferecer um
diagnóstico precoce a um tumor menor do que dois centímetros há chances de cura
calculadas em 90% dos casos. Quanto maior o tumor, mais avançada a doença e
menores as chances de cura. Por muito tempo se tratou do autoexame da mama como
forma de prevenção. Hoje, nenhuma sociedade médica recomenda mais isso, e sim,
que a mulher tenha o conhecimento da sua mama, apalpe, e ao perceber qualquer
alteração ocorrida, então, procure imediatamente o médico. O exame clínico, de
grande importância, é feito por um médico mastologista e é capaz de identificar
lesões iniciais, sendo indicado para todas as mulheres acima de 40 anos.
"A tomografia, por sua vez, é tida como
principal exame que permite dar o diagnóstico precoce de câncer de mama. É
capaz de identificar lesões menores do que um centímetro, em fase muito inicial,
com chance de cura altíssima. É o único método com comprovada evidência de
redução de mortalidade. Pelas recomendações do Instituto Nacional do Câncer -
INCA, todas as mulheres entre 50 e 69 anos devem fazer uma mamografia a cada
dois anos. Desde 2016, que a Sociedade Brasileira de Mastologia e a Sociedade
Brasileira de Radiologia, bem como todas as sociedades médicas, recomendam que
todas as mulheres entre 40 e 74 anos façam o exame anualmente", recomendou
o médico.
Mamografia - Outros dados obtidos em 2017 avaliaram
a percentagem da população entre 50 e 69 anos que realizou regularmente a
mamografia, conforme recomendações do Ministério da Saúde. A meta do Ministério
é que mais de 70% dessas mulheres realizem mamografia a cada dois anos. Em Sergipe,
52% das mulheres estão aderindo ao rastreamento, número esse que não é dos
piores, mas propenso a melhorar, conforme parecer do oncologista. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) recomenda um mamógrafo para cada 240 mil habitantes.
Sergipe possui 40 desses aparelhos, 25 em Aracaju e os demais espalhados entre
as principais cidades do interior sergipano, o que resulta em um mamógrafo para
cada 40 mil habitantes, ou seja, um número superior ao que se recomenda, já que
a população sergipana é de cerca de 2 milhões de habitantes. Por outro lado,
não se consegue disponibilizar esse exame de forma eficaz para todas as
mulheres.