Uma mãe dedicada, uma profissional
exemplar e uma cidadã capaz de ajudar qualquer pessoa, independente da posição
social. É essa a imagem de Eliana Costa Silva que estará na memória dos seus
dois filhos (13 e 7 anos), marido, demais familiares, amigos e colegas de
trabalho.
“O sentimento é de tristeza,
pois se tratava de uma pessoa benquista entre todos. A família perde o pilar
principal que era Eliana, uma mulher capaz de resolver todos os problemas de
quem estava a sua volta. Esperamos justiça no caso”, disse Jeilson Rodrigues,
esposo da policial militar, morta em um assalto nessa quinta-feira (31).
A sargento Eliana era natural
de Pão de Açúcar, em Alagoas, e integrava a Assistência Militar na Assembleia
Legislativa (Alese) desde 1998. Fazia parte da Corporação desde 1993, época em
que foi soldada combatente e logo em seguida 3º Sargento. Ela integrou a
companhia de polícias femininas ainda nos anos 90 e foi homenageada no Dia
Internacional da Mulher, em 8 de março deste ano.
"Eliana deixa um legado
de muita alegria, por ser uma pessoa honesta, amiga, além de uma filha
dedicada, uma mãe exemplar e uma esposa apaixonada. Não tinha defeitos, era uma
pessoa honesta, temente a Deus, que colocou todos os seus filhos no bom caminho”,
disse Jeilson.
O velório da militar foi
tomado pelo sentimento de dor, impunidade e saudades. “Minha irmã, porque era
assim que nos reconhecíamos, era muito religiosa, nos acalentava em momentos de
dificuldade no que a gente precisasse, ela era uma mulher de força, nos dava
uma palavra de conforto, sempre verdadeira, carinhosa. Mesmo sendo uma
policial, era dócil, estava sempre pronta a ajudar qualquer pessoa, um exemplo
de cidadã”, disse a subtenente da PM Elisângela Bonifácio.
Consternado, o irmão da vítima
fez um apelo aos poderes por mais rigor nas leis. “Não é uma coisa que a gente
espera acontecer conosco. Peço uma mudança nas leis, para que elas possam
prender os meliantes e ter mais rigor. Não podemos deixar que um simples
celular retire uma vida de uma mãe de família”, disse o vigilante Ermerindo da
Costa.
A PM Elisângela fez força ao
coro e criticou a legislação atual. “É necessária uma alteração, as pessoas
precisam ter medo da prisão. Nós, policiais militares, trabalhamos como se
estivéssemos fazendo nada. A gente leva o criminoso para a cadeia, mas
infelizmente este é solto rapidamente. Assim, ficamos reféns da criminalidade.
Esperamos que essa morte não fique nas estatísticas, a pessoa deve ser punida.
O que é um celular perto de uma vida?”, disse a policial.
Para os amigos, Eliana Costa
ficará marcada pela suas características mais simples. “Tive a oportunidade de
conhecê-la quando trabalhei na Assembleia, era uma mãe e profissional exemplar,
carinhosa, sempre com muito alto astral. A gente se compadece com a dor dos
familiares e o que esperamos agora é ter justiça e levar o meliante
à prisão”, disse o major Fabio Machado.
O caso
Durante a tarde do feriado de
Corpus Christi, após ir à praia com sua família, a sargento Eliana foi ao
cabeleireiro, deixando seu marido e filhos em casa. No retorno, quando
caminhava próximo de sua residência, foi abordada por um marginal em uma
bicicleta, que anunciou o assalto. Nesse momento, a policial teria reagido e
por conta disso o indivíduo efetuou disparos que atingiram a região do seu
tórax.
No confronto uma vizinha ainda
desferiu golpes no criminoso com um cabo de vassoura, momento que ele fugiu. A
PM chegou a ser socorrida e levada para o Hospital de Urgências de Sergipe
(Huse), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no caminho.
Segundo o irmão da vítima,
Ermerindo Alves da Costa Neto, os familiares ficaram sabendo do caso por uma
ligação. “Minha tia me ligou e disse que minha irmã havia tomado uns tiros. Ela
pediu para não contar a meu pai e minha mãe, mas eles iriam acabar sabendo,
então eu falei. Se eu saísse sem contar não me sentiria bem. Eu espero que
nenhuma família sinta o que a gente está passando”, disse o vigilante.
Segundo a polícia, abalada, a
testemunha principal do crime é aguardada para depor. O caso será
investigado pelo Complexo de Operações Policiais Especiais. Nenhum
suspeito foi preso até a última atualização desta notícia.
O apoio da população será
fundamental na resolução do assassinato. “O sentimento é de perda, de
tristeza. Atrás da nossa farda há um ser humano que sangra e que é vítima
também da violência. Pedimos à sociedade que faça sua parte pelos
mecanismos dispostos, como o Disque Denúncia 181, de forma anônima, e ajude a
polícia no caso”, disse o major Fábio Machado.
* Estagiário sob supervisão da
jornalista Fernanda Araujo.