BRASÍLIA — O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou, na manhã
desta quarta-feira, que o Ministério do Trabalho deverá ser absorvido por uma
outra pasta em seu governo. Ele disse ainda que o futuro ministro da Defesa
terá "4 estrelas", em referência à mais alta patente das Forças
Armadas, também sem dar mais detalhes.
O Ministério do Trabalho vai ser incorporado a algum ministério —
afirmou, sem dizer qual será a pasta.
A equipe do presidente eleito já vinha defendendo que a pasta fosse
unida a outro ministério. A ideia seria transformá-la em uma secretaria ligada
à Presidência da República. Os dois fundos geridos pelo ministério, o FGTS e o
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), poderiam migrar para um superministério
da Economia.
Na avaliação de integrantes da equipe de transição, o Ministério do
Trabalho perdeu relevância e serviria apenas como cabide de emprego, além de
ser foco de corrupção. Antevendo o fim da pasta, técnicos do ministério
chegaram a procurar a equipe de transição para dizer que a medida seria
prejudicial a trabalhadores.
Com uma taxa de desemprego de 11,9%, o Brasil tem 12,4 milhões de
pessoas sem trabalho A promessa de geração de vagas com a reforma
trabalhista, implementada no governo de Michel Temer e que acaba de completar
um ano, não vingou: o número de empregos com carteira encolheu 1%, para
32,9 milhões, enquanto o de trabalhadores informais chegou a 35 milhões em
setembro, de acordo com o IBGE.
As centrais sindicais fizeram coro às reclamações dos técnicos do
Ministério do Trabalho. Em nota divulgada nesta terça-feira, a Força Sindical considerou "nefasta" a
ideia de extinguir o ministério. Já CUT considerou que a medida "levará a
uma nova ofensiva de retirada de direitos e de precarização das relações de
trabalho".