A batalha contra o câncer é diária para quem convive com essa doença, que tem se alastrado a cada ano. Não o bastante o fato da existência da própria doença, o problema maior é quando a deficiência na assistência oncológica impede a continuidade do tratamento. O Grupo Mulheres de Peito registra que mais de 30 sergipanas já morreram da doença desde 2015, a maioria após ter algum tipo de tratamento interrompido, principalmente de radio, quimio e cirurgias não realizadas.
 Estimativas da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe apontam a incidência de cinco mil novos casos em todo o estado até o fim do ano, sendo o câncer de mama e colo de útero os principais entre as mulheres, o que corresponde a mais da metade das pacientes.
 O tratamento para o câncer interrompido, seja ele qual for, segundo especialistas, aumenta o risco da doença se alastrar pelo corpo e, consequentemente, levar pacientes à morte.
 “Na semana passada, Fernanda, que fazia quimioterapia, morreu. Ela passou um tempo sem tomar a medicação, quando voltou a tomar não deu mais tempo, a doença já tinha se alastrado. Leopoldina morreu com dois meses depois de parar a radioterapia. Eu tive o tratamento interrompido em 2015, graças a Deus não morri. Já são 32 mulheres que perderam a guerra. Não podemos afirmar que morreram porque o tratamento foi interrompido, mas sabemos que influencia e muito”, lamenta a representante do Grupo, Sheyla Galba.
 Nesta segunda (12), a máquina de radioterapia do Hospital Cirurgia, em Aracaju, completa 92 dias sem funcionamento. Desde então, os pacientes da unidade foram transferidos para o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), que abriu um terceiro turno para não interromper o serviço. Mas, segundo Galba, a fila só aumenta e, com isso, pacientes não têm tido a continuidade esperada do tratamento.
 “A situação da oncologia do Estado continua a mesma, sem perspectiva. Antes o Sigal mandava a lista para o Cirurgia, a uma clínica particular e ao Huse. Hoje só temos o Huse, que graças a Deus abriu o terceiro turno, mas não suporta. A impressão que o hospital [Cirurgia] passa é que quer acabar com o serviço e não quer dar atenção porque tem 90 dias que não procura um técnico para avaliar a máquina. Dessa máquina no Brasil só tem oito, igual ou mais velhas, e funcionam porque têm manutenção preventiva. E a gente aqui só tem um hospital de urgência”, critica Sheyla.
 Enquanto isso, as pacientes ainda esperam pela construção do Hospital do Câncer. “As verbas vieram, mais de sete emendas parlamentares destinadas e nada foi feito. Foram R$ 120 milhões enterrados na areia. É necessária essa unidade para que acolha o paciente em tratamento do início ao fim, que tenha urgência e emergência somente ao paciente oncológico”, diz ela.
 Em nota, a assessoria do Cirurgia informa que a máquina de radioterapia foi fabricada na década de 70 e já é uma tecnologia quase superada. Por não existir fabricação de peças regulares, quando apresenta necessidade de troca de peças, há uma demora. O atendimento no Huse, segundo o hospital, é executado pelos colaboradores do Cirurgia.
 “A Direção focará forças nos términos da implantação da nova máquina. Através da implantação deste 3º turno, a equipe do Hospital de Cirurgia está realizando tratamento de Radioterapia de 50 pacientes e 20 irão passar por consulta para dar início”, completa o hospital, que em setembro retomou o atendimento médico e aplicação de quimioterapia. 
 Em matéria recente ao F5 News, a Secretaria de Estado da Saúde disse que a quimioterapia e as cirurgias oncológicas do Huse foram retomadas em setembro e estão funcionando normalmente. Sobre a radioterapia, de acordo com a Gerência da Radioterapia do Huse, desde que foi criado o terceiro turno os pacientes estão sendo atendidos paulatinamente e com sucesso.

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