O número exato das demissões ainda não foi definido, mas as assessorias
de imprensa nos órgãos públicos na estrutura do Estado serão reduzidas
consideravelmente a partir do dia primeiro de janeiro quando o governador
Belivaldo Chagas (PSD) tomará posse para o novo mandato. O governador pretende
centralizar a comunicação social de todos os setores com o objetivo de enxugar
a máquina administrativa e reduzir custos na futura gestão. Para o Sindicato
dos Jornalistas do Estado de Sergipe (Sindijor), a medida será danosa por
comprometer a comunicação entre o Governo do Estado e a sociedade.
Em conversa com o Portal Infonet, o governador explicou que
pretende manter a comunicação social centralizada, porém nas áreas específicas
de educação, saúde e segurança manterá apenas dois assessores. Porque, conforme
justifica Belivaldo Chagas, são pastas consideradas complexas. Pelo projeto,
que começa a vigorar a partir de primeiro de janeiro [terça-feira da próxima
semana], todas as demais demandas da comunicação vinculadas à administração
direta e indireta do Governo do Estado ficarão subordinadas aos núcleos
específicos, que serão criados para funcionar de forma centralizada na
Secretaria de Estado de Comunicação Social (Secom).
Até a próxima segunda-feira, 31, o governador Belivaldo Chagas dará
publicidade ao decreto único com a exoneração dos cargos comissionados que
estão ativos na estrutura de Governo em todos os setores da administração
direta e indireta. Neste primeiro momento, todos os comissionados serão
exonerados. Com a perspectiva de cortes de 900 postos, cujos assessores [de
vários segmentos] não retornarão à administração pública na nova gestão. Na
Comunicação, especificamente, fala-se em mais de 80 demissões, mas o governador
não confirmou o número.
A partir do dia 2 de janeiro [quarta-feira da próxima semana], o
governador publicará decretos individuais e específicos, nomeando apenas os
assessores que permanecerão no governo, ocupando cargos comissionados. Neste
patamar, estão incluídos jornalistas e outros profissionais da área de
comunicação, que permanecerão na equipe liderada pelo jornalista Sales Neto,
cujo nome já foi confirmado pelo governador para permanecer no comando da
Secom.
Precarização da comunicação
Na ótica do jornalista Paulo Sousa, presidente do Sindicato dos
Jornalistas do Estado de Sergipe (Sindijor), com esta iniciativa, o governo
está comprometendo a transparência da gestão e contribuindo para precarizar a
comunicação no Estado de Sergipe. “É um verdadeiro retrocesso”, classifica
Paulo Sousa. “Enquanto Marcelo Déda, como gestor na Prefeitura e no Governo do
Estado, descentralizou a comunicação, o governador Belivaldo Chagas está
comprometendo a transparência da gestão e contribuindo para precarizar a comunicação
do Estado de Sergipe”, enalteceu.
Paulo Sousa cita alguns exemplos na estrutura administrativa do governo,
que necessitam de um maior número de profissionais da comunicação atuando para
garantir à sociedade o direito de acesso à informação e assegurar a
transparência da gestão, que são critérios exigidos constitucionalmente. “O
governador quer enxugar a máquina e reduzir custos, mas se o governo fizer uma
análise minuciosa poderá encontrar pessoas que não trabalham na estrutura. Há
pessoas que nada fazem, mas conseguem cargos para manter a parceria política”,
ressaltou.
O governador rebate o entendimento do Sindijor. “Não estamos exonerando
por perseguição, estamos organizando. Não estamos acabando com a Secom.
Acabaremos com o sistema de ilhas que existia em muitas secretarias, mas
teremos um núcleo maior que tratará dos interesses geral do Governo. Estamos
otimizando, com maior controle”, ressaltou. Quanto às denúncias em torno da
possibilidade de existir pessoas ocupando cargos com finalidade político-eleitoreira,
o governador preferiu não fazer comentário. “O sindicato está querendo se
intrometer no governo, que se limite a opinar na área da comunicação. Prefiro
não opinar sobre esta posição do sindicato”, resumiu.
Por Cassia Santana