O arrendamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) em Sergipe, pertencente à Petrobras, acendeu o caminho de pólvora para futuras elaborações de estudos técnicos e de viabilidade econômica para projetos de Parceria Público-Privada (PPP). Nesse sentido, o governador Belivaldo Chagas afirmou, durante entrevista coletiva nessa segunda-feira (1º), após reunião com o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Marcio Félix Carvalho Bezerra, que não descarta a possibilidade de arrendar a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) por um período de 20 anos.
 O arrendamento da Deso já havia sido cogitado no governo de Jackson Barreto após imposição do ex-presidente Michel Temer. Jackson, então, desistiu da ideia e rasgou o contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para os estudos que previam a privatização da Companhia, que possui 1.711 funcionários concursados e centenas de prestadores de serviços.
 Mesmo adotando um discurso assertivo de que não vai privatizar, o chefe do Executivo estadual não esconde a possibilidade de arrendamento se as finanças da Companhia não frutificarem.
 “Não discuti com ninguém a privatização da Deso e Banese. Com relação à Deso, vamos trabalhar para que ela se torne moderna, competitiva, possa faturar. Se eu vir que vai ter dificuldade, eu posso, sim, trabalhar um processo de arrendamento por uns 20 anos e depois desses 20 anos a empresa volta para o poder público sem nenhum problema. Aquele processo que foi interrompido pelo BNDES que o governo Jackson desistiu, eu vou retomar. Vou, sim, fazer uma PMI [Procedimento de Manifestação de Interesse] e ninguém vai me impedir de fazer isso. Não se trata de estudos para privatizar a Deso, mas posso sim trabalhar um processo de arrendamento”, declarou o governador.
Lucratividade
 Fundada há 50 anos, a Companhia atende 90% dos sergipanos – com exceção de Estância, Capela e São Cristóvão –, totalizando clientela formada por mais de 642 mil ligações residenciais e domiciliares. Pessoas próximas à diretoria afirmam que o faturamento é de R$ 45 milhões por mês e a possível privatização pode render ao Governo cerca de R$2 bilhões.
Imagem desgastada
 Hoje, a Deso tem uma imagem amplamente deteriorada e é alvo diário de reclamações da população pelos frágeis serviços que oferece. São inúmeros problemas estruturais a serem enfrentados. O principal é o desperdício de água e dos “gatos” que atrapalham o abastecimento.
Além disso, existe um sistema de adutoras completamente obsoleto, que comumente rompe e deixa milhares de pessoas sem abastecimento. É notória também a questão da deficiência no tratamento de esgoto, um drama antigo e que é premissa para a boa saúde pública.
 Técnicos da própria Companhia, que não quiseram se identificar, denunciam estruturas de captação de água ultrapassadas e que não acompanham a crescente demanda da população.

Da redação, Joângelo Custódio

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