As novas descobertas de gás
natural em Sergipe e a estrutura e logística montadas a partir da Termoelétrica
devem resultar em mais investimentos para o estado. Em reunião com o
governador Belivaldo Chagas nesta quarta-feira (19), representantes da Golar
Power, dentre eles o CEO da multinacional, Eduardo Antonello, informaram o
interesse de uma empresa chinesa em investir na fabricação de caminhões movidos
a gás. A tecnologia, inédita no Brasil, representa uma economia de até 50%
no custo do transporte terrestre tradicional dos veículos movidos a diesel.
A Golar também detalhou o
projeto de interiorização da distribuição do GNL (Gás Natural Liquefeito) em
Sergipe, mais uma ação pioneira no País. O governador Belivaldo explicou que a
multinacional, por meio das Centrais Elétricas de Sergipe (Celse), empresa
responsável pela Termoelétrica de Sergipe, importará o gás liquefeito do Qatar
para utilização na usina e disponibilizará o excedente para empresas da região.
“São dois projetos distintos e
inéditos no Brasil, tanto a fábrica de caminhões a gás quanto a interiorização
da distribuição do gás. O nosso estado é um forte candidato a receber o
projeto por todo contexto favorável. A princípio, nos dois primeiros anos,
esses caminhões seriam importados e, em seguida, deverá ser iniciada a montagem
no país”, descreveu.
Segundo Belivaldo, com a
descoberta da Petrobras, de seis novos reservatórios de gás natural, e com o
excedente de GNL da Celse para negociação, o estado terá uma alta
disponibilidade de gás, o que deverá atrair cada vez mais negócios para
Sergipe. “O futuro de Sergipe é promissor, nossa oferta de energia será o
diferencial que tornará o estado altamente competitivo para atração de toda uma
cadeia produtiva de desenvolvimento como nunca visto anteriormente na região. O
papel do Estado é construir as bases que consolidem estes projetos, pensando
nas gerações de hoje e de amanhã, é o que estamos fazendo”, declarou o
governador.
Eduardo Antonello elogiou o
empenho do estado para viabilizar os projetos determinantes para o futuro de
Sergipe. “Foi uma decisão acertada do nosso grupo investir no estado, no
empreendimento termoelétrico, a gente desde o início teve total apoio do
governo de Sergipe. A execução do projeto está sendo um sucesso, grande parte
graças ao empenho da gestão estadual, em viabilizar tudo que for necessário para
que a obra ocorra dentro do prazo. E a interlocução do ponto de vista
empresarial não poderia ser melhor. A gente sente que existe um ambiente de
colaboração do governo para viabilizar o crescimento econômico dentro do
estado. Na discussão hoje com o governador, a gente destacou que o estado está
vivendo um momento único de oportunidade para que Sergipe se estabeleça como
ramo industrial daqui pra frente. E o governo está enxergando isso e
aproveitando ao máximo para fomentar o desenvolvimento econômico”.
Quanto à interiorização da
distribuição de gás por meio terrestre, Antonello destacou que com o terminal
em operação, a ideia é fazer o transbordo do GNL a granel, através da
cabotagem, e fazer a distribuição do produto para interiorizar o suprimento de gás
em todas as locações do interior do Nordeste onde não existe gás canalizado
hoje. “A gente está trabalhando, em parceria com as distribuidoras de gás, que
estão interessadas em viabilizar, através do GNL, esse suprimento até pra
indústria, para fins automotivos e, também, estamos trazendo e vamos iniciar, a
partir de julho ou agosto, os testes piloto com os caminhões movidos a GNL,
proveniente aqui do terminal de Sergipe. A gente está empenhado em viabilizar
um combustível mais flexível”, explicou o CEO da Golar Power.
O gerente de Relações
Institucionais da Golar, Marco Túlio Rodrigues, ressaltou que a ideia da
multinacional é aproveitar a estrutura de armazenamento do gás natural
liquefeito que está sendo implantado pela Celse, que tem um navio com capacidade
de 152 mil m³ de gás natural liquefeito. “A partir desse armazenamento, a gente
levará o GNL para terra e transportará, por contêiner, para o interior do
estado. O gás natural liquefeito possibilita o transporte de uma quantidade
superior de produto, em pequeno volume. Diferente do gás comprimido, já que um
metro cúbico de gás natural liquefeito equivale a 600 m³ de gás natural. Com
isso, estamos estudando três cidades, Lagarto, Glória e Itabaiana, para
estabelecer as bases de fornecimento, tanto de gás natural veicular, gás
natural liquefeito para os novos caminhões que estamos trazendo e para a Sergás
estabelecer uma rede local de distribuição de gás, sem necessidade de
construção de dutos até as cidades”.
Conforme Rodrigues, as
unidades inéditas devem entrar em funcionamento até o final do segundo semestre
deste ano. “Já existe planta de liquefação no Brasil, mas a estruturação de
redes locais, remotas, com abastecimento via caminhões com gás natural
liquefeito, da forma como estamos fazendo, é única no Brasil. A ideia é que a
gente possa levar ao interior uma energia limpa, mais barata e que propicie o
desenvolvimento de indústrias. Não é só o gás natural veicular, mas o gás
natural que pode ser utilizado em pequenas e médias indústrias, e, à medida
que se disponibiliza energia barata no interior, isso estimula o
desenvolvimento local”, pontuou o executivo.