O presidente Jair
Bolsonaro foi abençoado na manhã deste domingo pelo bispo Edir
Macedo , fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, durante um culto
realizado no Templo de Salomão, em São Paulo. O religioso também pediu orações
para o presidente.
Diante de cerca de 9,5
mil fiéis, Bolsonaro se ajoelhou no altar e foi ungido pelo bispo. Macedo
pôs as mãos sobre a cabeça do presidente e usou um óleo para dar a unção. O
bispo afirmou que o presidente "é um homem de coragem", embora
"a imprensa seja contra o governo". Em seguida, orou com o público:
— Uso de toda a autoridade
para abençoar este homem e lhe dar sabedoria. Que este país venha a ser
transformado. Para lhe dar ânimo saúde e vigor. Para que o presidente possa
arrebentar. Não porque sou eu que estou aqui. Mas porque é o Espírito Santo.
No início do culto,
Macedo revelou a tentativa de levar outro candidato a presidente até o templo
durante a campanha do ano passado, e lamentou não ter conseguido. Ele, no
entanto, não disse o nome desse candidato.
- O povo que nos assiste é
testemunha dessa consagração. E é testemunha de um antes e depois a partir de
agora", completou o bispo, na cerimônia com Bolsonaro.
Após o culto, o
presidente almoçou com Edir Macedo em uma residência do bispo anexa ao Templo
de Salomão. Seu filho Jair Renan também estava presente. Na saída, o presidente
desceu do carro da comitiva para cumprimentar os policiais responsáveis por sua
segurança.
Assessores do presidente
indicavam que à tarde ele pretendia assistir ao jogo entre Flamengo e
Palmeiras, pelo Brasileirão, mas ainda não havia informação do local.
No início da manhã, ao
chegar a São Paulo, Bolsonaro passou por uma rápida avaliação médica. O presidente deve ser submetido a uma nova cirurgia por
causa da facada sofrida há um ano, durante a campanha presidencial. O médico
Antônio Luiz Macedo, que operou o presidente em setembro de 2018, após o
atentato, confirmou o novo procedimento e afirmou que servirá para corrigir uma
hérnia.
Proximidade com evangélicos
A proximidade entre
Bolsonaro e os evangélicos remonta à campanha presidencial do ano passado,
quando o bloco foi decisivo para a sua vitória nas urnas. Nas 32 cidades com
maioria da população desse grupo, ele recebeu 74% dos votos.
Desde que iniciou o mandato, a
relação se tornou ainda mais clara pela quantidade de reuniões entre as duas
partes. Segundo levantamento da rádio Jovem Pan, dos 33 encontros com grupos
religiosos entre janeiro e agosto, nada menos que 30 foram com lideranças
evangélicas.
A afinidade entre o
presidente e o bloco se dá principalmente por temas comportamentais, nos quais
os religiosos contam com o atual governo para a aprovação de pautas
conservadoras, como o Estatuto da Família - segundo o qual a formação de
família se dá pelas figuras de pai e mãe.
Essa relação nem sempre
foi harmônica ao longo desse semestre. Líderes evangélicos demonstraram
insatisfação com o governo durante vários momentos nos últimos meses. Um dos
pontos de atrito se concentra no discurso de Bolsonaro de apoio ao afrouxamento
das regras para aquisição de armas por parte da população de cidades violentas
e áreas rurais.
No entanto, voltou
a ocorrer uma aproximação, quando a bancada evangélica fez Bolsonaro se
comprometer com um pacote para flexibilizar as obrigações de igrejas perante o
Fisco. Entre as solicitações atendidas estão o fim da obrigação de igrejas
menores se inscreverem no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e a
elevação (de R$ 1,2 milhão para R$ 4,8 milhões) do piso de arrecadação para que
uma igreja seja obrigada a informar suas movimentações financeiras
diárias.
As declarações mais
recentes de Bolsonaro também indicam que a aliança está cada vez mais forte. Em
julho, afirmou que sua primeira indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF)
seria a de um ministro "terrivelmente evangélico". E, neste sábado,
revelou que pretende apontar um diretor evangélico para a Agência Nacional do
Cinema (Ancine). “É Bíblia embaixo do braço e que saiba 200 versículos. Sou um
presidente conservador”, declarou, no Quartel General do Exército, em Brasília.