Nos últimos dias está cada vez mais difícil
para o sergipano manter a tradição de ter na mesa o bife de cada dia. O aumento
no valor do quilo da carne é o principal motivo para isso. A alta no preço da
carne bovina em todo o Brasil já é uma realidade também em Sergipe. Segundo
empresários do ramo, o aumento já chega a 20%, mas a elevação pode ainda ser
maior, podendo chegar a 40%.
O dono de um açougue, Givaldo Neto, disse que
não tem para onde correr, o jeito é repassar o preço para o cliente para não
ter prejuízo. Para se ter ideia do aumento, o corte alcatra, que custava R$ 27,
agora está por R$ 32; a rabada, que antes da alta era vendida a R$ 13, está
saindo por R$ 23.
“A tendência é aumentar, pois está havendo a
procura do mercado exterior pela carne e não temos o suficiente. E, como estou
comprando a carne mais cara, o preço precisa ser reajustado. O consumidor
reclama, e até mesmo deixa de comprar por conta disso, mas não temos como
manter o preço de antes”, comentou.
Mas por que o preço da carne bovina aumentou
tanto? Segundo o governo federal, o aumento da carne é pontual e reflete uma
“euforia momentânea” do mercado. Um dos motivos é a alta na exportação para a
China, onde a produção foi atingida por uma doença. Ou seja, com menos oferta
no Brasil, o preço ficou mais alto.
O presidente da Empresa de Desenvolvimento
Agropecuário de Sergipe (Emdagro), Jefferson Feitoza de Carvalho, explicou que,
apesar de Sergipe não exportar carne, a situação exterior afeta toda a cadeia
produtiva, pois, como China e Estados Unidos estão consumindo a carne
brasileira, está havendo uma demanda sobre o que é produzido aqui,
consequentemente, elevando o preço.
“A situação poderá se estender também para a
carne suína e para a agricultura. Vivemos um momento sazonal, com pouca
produção e, inclusive, o governo já sinalizou que pode haver a necessidade de
trazer carne de fora, pois, com a demanda exterior, o comércio brasileiro
poderá ficar desabastecido”, alerta.
Com o aumento da carne de boi e a possível
elevação da de porco, a saída, segundo o presidente da Emdagro, é o consumo do
ovo. “Quem produz carne vai dar uma segurada para poder vender por um preço
mais elevado e para fora do país. O preço da arroba, que custava R$ 170, agora
já está em R$ 230 podendo aumentar ainda mais. Ou seja, até os países
estrangeiros retomarem sua produção, o Brasil fica afetado por esse mercado
porque a especulação ainda é grande”.
Em Sergipe, por conta do plantel pequeno,
cerca de um milhão de cabeças de gados, sendo uma grande parte para produção de
leite, é preciso comprar carne de outros estados, como Bahia, Minas Gerais e
Tocantins. “Diante da situação, até os animais de leite podem ser abatidos.
Todo o Estado produz carne, mas concentra-se principalmente na região Sul,
Centro Sul e na bacia do Cotinguiba”, revela.
Jefferson Feitoza reforça que os produtores
sergipanos precisam primeiro se preocupar com a produção sergipana e a sanidade
dos animais. “Temos que estar cautelosos, pois, se esse ciclo permanecer,
poderá haver desabastecimento do mercado interno e a saída vai ser a
importação”, finalizou o presidente da Emdagro.