O governador de São Paulo,
João Doria, e o vice-presidente da laboratório chinês Sinovac, Weining Meng,
assinaram hoje (30), um contrato que prevê o fornecimento de 46 milhões de
doses da vacina CoronaVac para o governo paulista até dezembro deste ano.
O contrato também prevê a transferência
tecnológica da vacina da Sinovac para o Instituto Butantan, o que significa
que, o instituto brasileiro poderá começar a fabricar doses dessa vacina contra
o novo coronavírus. O valor do contrato, segundo o governador João Doria é de
US$ 90 milhões.
Segundo Meng, o acordo para transferência de
tecnologia facilita a logística e vai permitir que o Instituto Butantan
fabrique a vacina e a distribua de forma mais rápida e ágil para a população
brasileira. “O Brasil é um país grande, com mais de 200 milhões de pessoas e
precisa de bastante vacina. Com a produção local, conseguiremos fazer isso”,
disse ele hoje (30), em São Paulo, acompanhado por um tradutor.
A vacina está sendo desenvolvida pela
farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan e está na
fase 3 de testes em humanos. Essa fase 3 de testes em humanos testa a eficácia
da vacina e está ocorrendo no Brasil desde julho, com 13 mil voluntários da
área da saúde.
A expectativa do governo paulista é de que a
vacinação desses voluntários seja encerrada até o dia 15 de outubro. Caso os
testes comprovem a eficácia da vacina, ela precisará de uma aprovação da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de ser disponibilizada
para vacinação no Brasil.
Segundo o governador João Doria, outras 14
milhões de doses serão fornecidas pela Sinovac ao governo paulista até
fevereiro do próximo ano. A ideia do governo paulista é de que seja feito um
acordo com o Ministério da Saúde para que essas 60 milhões de doses sejam
disponibilizadas para parte da população brasileira por meio do Programa
Nacional de Imunização do Sistema Único de Saúde. Mas Doria já avisou que, caso
não haja acordo em nível federal, a vacinação será voltada para a população
paulista, que daí seria vacinada totalmente até março do próximo ano.
A expectativa do governo paulista é de que a
vacinação seja iniciada no dia 15 de dezembro deste ano. Os primeiros a serem
vacinados serão os profissionais da área de saúde. "Os testes seguem até o
dia 15 de outubro. Mas estamos confiantes no resultado dessa vacina. Estamos
avançando positivamente, com esperança no coração, de que essa será uma das
mais promissoras vacinas contra a covid-19 [a doença provocada pelo novo
coronavírus]”, disse Doria. “Vamos respeitar os procedimentos de testagem, e
após aprovação da Anvisa, o início da vacinação está previsto para começar no
dia 15 de dezembro, começando pelos profissionais da saúde", acrescentou o
governador.
Eficácia
Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto
Butantan, o resultado da eficácia da vacina começa a surgir quando 61 dos
voluntários adquirem o novo coronavírus. “Os testes de inclusão dos voluntários
terminam no dia 15 de outubro. A partir daí, não se vacina mais e acompanhamos
os voluntários. E daí vai depender da incidência de infecção da covid-19 nos 13
mil voluntários. Quando ocorrer pelo menos 61 casos de covid-19 dentre os 13
mil voluntários, podemos fazer o que se chama de análise interina, que pode
demonstrar a eficácia [da vacina]. Se a vacina for altamente eficaz, ela já
pode demonstrar isso [nessa análise interina] e aí já permite a remessa da
documentação [sobre o estudo da fase 3] para a Anvisa”, falou.
“Se isso não acontecer nesse primeiro momento,
nós aguardamos um segundo momento, que é a análise primária, quando teremos 154
casos da covid-19 entre os voluntários. Daí se demonstra a eficácia e podemos
disparar o processo de registro na Anvisa. Isso vai depender do nível de
infecção na população vacinada”, explicou.
“Esperamos que, até o final do mês de
novembro, esses dados estejam disponíveis para permitir o registro da vacina”,
acrescentou Covas.
A
vacina
A vacina é inativada, ou seja, contém apenas
fragmentos do vírus, inativos. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico
passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da covid-19. No teste,
metade das pessoas receberão a vacina e metade receberá placebo, substância
inócua. Os voluntários não saberão o que vão receber. A vacina está sendo
aplicada em duas doses, no prazo de 14 dias.
Estudos de fases 1 e 2 da vacina, feitos na China,
revelaram que ela é segura. Os testes de fase 3 vão comprovar se a vacina é
eficaz, ou seja, se ela protege contra o novo coronavírus.
Fonte:
Agência Brasil