Vídeo gravado por Animal
Equality durante investigação mostra cenas de impressionantes em matadouro
brasileiro
São Paulo, 27 de maio - A
organização Animal Equality divulgou esta semana uma investigação que revela a
prática de abate de vacas prenhes em matadouros brasileiros. A equipe de
investigação visitou matadouros na região norte e encontrou cenas que
evidenciam práticas de maus-tratos, que se repetem em frigoríficos de outras
regiões do País.
A quantidade de vacas
gestantes abatidas aumentou significativamente desde de 2017, quando foi
alterado o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem
Animal (RIISPOA), permitindo o uso de carne de vacas prenhes para consumo. Só
no Rio Grande do Sul, de acordo com dados da Secretaria da Agricultura,
Pecuária e Desenvolvimento Rural do estado, apenas para frigoríficos sob
inspeção estadual e municipal, do primeiro semestre de 2017 para o segundo
semestre de 2020 teve-se um aumento de 1.270% no abate de vacas no terço final
da gestação. (Ao final do release tabela com os dados anuais).
O vídeo gravado pela Animal
Equality em um dos matadouros mostra cenas chocantes, como uma vaca grávida sendo
sangrada enquanto o feto se debatia dentro dela tentando sobreviver e fetos de
bezerros mortos, jogados pelo chão. As imagens também mostram fêmeas no final
da gestação sendo transportadas para o abate, esta prática é considerada um
exemplo de maus-tratos, um crime com previsão de pena de prisão e multa no
artigo 32 da Lei Federal 9.605 de 1998.
Vídeo: (https://animalequality.org.br/participe/abate-vacas-prenhes#modal-petition)
"Uma das formas de
proteger as vacas prenhes é regulamentando, via Ministério da
Agricultura, o transporte intermunicipal e interestadual de animais com os
mesmos parâmetros de proteção exigidos para o transporte de animais destinados
à exportação”, diz Carla Lettieri, diretora executiva da Animal Equality
Brazil.
Para formalizar o pedido, a
Animal Equality está organizando uma petição pedindo para que o Ministério da
Agricultura aprove uma Instrução Normativa que, entre outros pontos,
inclua a obrigatoriedade de realizar um exame de prenhez das vacas
transportadas para o abate, seguindo o padrão mínimo exigido para exportação de
animais vivos. Os signatários da carta aberta pedem ainda aplicação de multa
para os frigoríficos que comprarem e abaterem vacas no terço final da
gestação.
O transporte é considerado um
grande desafio de bem-estar animal, por ser uma etapa extremamente estressante
na vida dos animais, ainda mais prejudicial para animais gestantes. O peso do
útero e do feto de uma vaca prenhe podem chegar a 75 quilos e a um volume de 60
litros. Nos últimos três meses de gestação, são ainda maiores os riscos de
aborto ou parto prematuro, estresse por calor, desidratação, lesões e doenças
metabólicas durante e após o transporte.
Fiscais agropecuários do Rio Grande do Sul já fizeram inúmeras denúncias sobre o transporte e abate de vacas em final de gestação, eles afirmam que esta é uma situação de maus-tratos aos animais. “Se queremos uma sociedade mais justa, devemos incluir os animais em nossa busca por justiça.”, diz Lettieri.
Sobre a Animal Equality –
A Animal Equality é uma organização internacional que trabalha junto à
sociedade, governos e empresas para acabar com a crueldade contra animais de
criação. Presente em 8 países, a Animal Equality mantém um escritório no Brasil
desde 2016.
A Animal Equality é contra
qualquer exportação de animais vivos, mas acreditamos que os meios para acabar
com o transporte e abate nacional de vacas prenhes podem ser similares aos já
previstos na Instrução Normativa 46/2018. O artigo 10 prevê que
"Fêmeas, a partir de 12 (doze) meses de idade, quando destinadas ao abate
(imediato ou engorda), devem estar acompanhadas de atestado negativo ao exame
de prenhez, firmado por médico veterinário, realizado no máximo 15 (quinze)
dias anteriores à data da exportação".
Fotos: https://drive.google.com/drive/u/1/folders/16pdAC1ku-sv6oBAyi9mU_exQ1IcKLEzG
Vacas gestantes abatidas no
Rio Grande do Sul
Período
Vacas prenhes abatidas
1º semestre de 2017
381
2º semestre de 2017
951
1º semestre de 2018
3183
2º semestre de 2018
3264
1º semestre de 2019
5238
2º semestre de 2019
5084
1º semestre de 2020
3272
2º semestre de 2020
5219
Fonte: Secretaria da
Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, 2021