O relatório final do Sínodo sobre a Amazônia, aprovado por 185 bispos da Igreja Católica, no sábado (26/10) no Vaticano, defende a ordenação de homens casados na região. O parágrafo com tal proposição recebeu 128 votos a favor e 41 rejeições, sendo o ponto mais controverso do texto. A possibilidade de homens casados se tornarem padres surge diante das dificuldades na celebração da eucaristia em zonas remotas da região amazônica, pela falta de sacerdotes.
 Outro destaque do documento é o ataque ao desenvolvimento econômico predatório, classificado pelos bispos como pecado ecológico. O relatório, no entanto, é de caráter consultivo, portanto o papa não é obrigado a segui-lo. 
 Ainda ontem, no encerramento da reunião, o papa Francisco declarou que pretende criar um órgão dedicado exclusivamente a cuidados com a região. O departamento deverá ficar dentro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, sob comando do cardeal Peter Turkson, de Gana. Francisco afirmou que a região amazônica é injustiçada.  “A consciência ecológica vai em frente e, hoje, nos denuncia um caminho de exploração compulsiva e corrupção. A Amazônia é um dos pontos mais importantes disso. Um símbolo, eu diria”, disse.
 Na avaliação do papa, os pontos mais importantes do Sínodo dos Bispos foram os diagnósticos referentes às questões culturais, ecológicas, sociais e pastorais da Amazônia. Ele destacou que os problemas ambientais devem ser analisados dentro de seus contextos sociais, e que “não só se explora selvagemente a criação, mas também as pessoas”.
 O papa Francisco acredita que a ecologia e as questões sociais devem caminhar juntas. “Na Amazônia, há todo tipo de injustiça, destruição de pessoas, exploração de pessoas, em todos os níveis, e destruição da identidade cultural”, lamentou. Ele lembrou que sua encíclica Laudato Si, publicada em 2015, foi um marco para balizar o pensamento ecológico segundo as bases do catolicismo.
 A autoridade católica também cobrou da própria Igreja Católica maior sintonia com a juventude. Segundo Francisco, para o combate à degradação ambiental, a Igreja precisa mirar no exemplo dos jovens, como a ativista sueca Greta Thumberg, citada pelo próprio papa, que atua na luta contra o avanço da atual crise climática. “Na manifestação dos jovens, como Greta e outros, eles levam um cartaz dizendo ‘o futuro é nosso’. Isso é a consciência do pedido ecológico”, afirmou.
Indígenas
 O encontro foi convocado pelo papa Francisco e ocorreu na cidade do Vaticano. Ao todo, 185 bispos, chamados padres sinodais, com direito a voto, participaram do Sínodo. Destes, 58 são do Brasil e 113 da região Pan-Amazônica. Também participaram  cientistas, representantes de organizações sem fins lucrativos, membros de outras denominações religiosas e grupos indígenas.
 O relatório final do Sínodo foi votado em assembleia e apresentado no Vaticano. Um parágrafo do texto só pode ser mantido se tiver, pelo menos, dois terços dos votos dos padres sinodais. 
 A decisão de tornar o texto público ou não fica a critério do pontífice, que deve se pronunciar sobre o relatório na homilia da missa de encerramento, que será realizada neste domingo. 
 O Sínodo enfrentou resistência de alguns grupos conservadores que criticam o modelo econômico atual da região, bem como a ordenação de homens casados, o papel das mulheres e a possibilidade da criação de um rito amazônico para as missas dos indígenas na região amazônica.



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