Por volta das 6h desta quinta-feira, 23, dezenas de pessoas já se aglomeravam em frente a uma loja de calçados localizada no Calçadão da Rua São Cristóvão, no Centro de Aracaju. Todas elas com um único objetivo: conseguir um calçado gratuito.
 Isso mesmo. A esperança se deu após uma informação de que um empresário iria descartar 300 pares de calçados, que não serviriam mais para a venda por conta do mofo causado nesses cinco meses de comércio fechado.
 A dona de casa Maria do Carmo Silva, que reside no bairro Lamarão, foi uma das pessoas que estava no local. Acompanhada de dois filhos pequenos, ela afirma que se deslocou até o Centro com a esperança em conseguir pelo menos um par para um dos filhos.
 “Mesmo com esse coronavírus por aí, eu não podia deixar de aparecer aqui. Estou numa situação difícil e qualquer ajuda vale. Consegui o auxílio do governo, mas esse não sobra para comprar roupa e sapato. Só saio daqui quando abrir a porta e distribuir os sapatos”, disse a dona de casa.
Quem também esteve no local em busca de um calçado foi o técnico de Enfermagem Adelino dos Santos, que reside no bairro Atalaia. Para ele, a forma como foi organizada é totalmente incompatível com o decreto do Governo do Estado que proíbe a aglomeração de pessoas.
 “Fiquei sabendo através das redes sociais e vim conferir de perto para ver se era verdade. Na verdade, a população está desrespeitando o decreto e só vai resolver com o policiamento para manter o distanciamento social. Tenho certeza que isso foi programado. Foi um protesto dele, muito mais marketing para aparecer. Foi muito chororô do empresário”, aponta Adelino.
 Já o empresário Edmundo Xavier, proprietário da loja de calçados, disse que não tinha a intenção de aglomerar pessoas. Na verdade, segundo ele, a informação foi confidenciada a um amigo e ganhou as redes sociais.
 “Não programei nada disso. O que acontece é que eu comentei que ia fazer um descarte na quinta-feira logo cedo e esse assunto vazou, colocaram nas redes sociais. As pessoas vieram e ficou essa situação. Eu ia fazer 6h da manhã, se fosse para ter aglomeração eu ia fazer meio-dia ou pela tarde. As pessoas entenderam errado e criaram esse tumulto todo”, lamenta o empresário, que comercializa há 20 anos no local e acumula um prejuízo em torno de R$ 40 mil em perda de mercadorias devido à pandemia.
 A Polícia Militar foi acionada e, por volta das 8h, esteve no local para dispersar as pessoas. O comerciante suspendeu o descarte dos calçados e deve encaminhar para que sejam distribuídos de forma organizada e sem aglomeração de pessoas.
|Reportagem e foto: Diego Rios/Da equipe JC

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