O Instituto Federal de Sergipe distribuiu aos alunos em
situação de vulnerabilidade socioeconômica de todos os campi cestas básicas
provenientes da agricultura familiar. Os alimentos foram comprados com recursos
do PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar. "Os recursos somam
quase meio milhão de reais. Com eles, foram compradas cerca de 95 toneladas de
alimentos. Cada cesta pesa mais ou menos 33 kg e possui 15 itens. As cestas vão
atender, no total, 2.877 alunos", destaca Ider de Santana Santos,
Pró-reitor de Desenvolvimento Institucional.
As cestas são divididas em duas. As perecíveis são
compostas por 2 kg de batata inglesa, 2 kg de cebola, 2 kg de chuchu, 1 kg de
repolho, 2 kg de batata doce, 2 kg de inhame da costa, 2 kg de macaxeira a
vácuo, 2 kg de tapioca a vácuo e 1 litro de mel. Já as não-perecíveis possuem 5
kg de arroz, 2 kg de açúcar, 5 kg de feijão, 3 kg de flocão de milho, 2kg de
farinha de mandioca e 750 g de café torrado e moído. "Cada campus recebeu
uma quantidade de cestas básicas de acordo com a demanda. O campus Aracaju por
ser o maior, recebeu 1.036 cestas; São Cristóvão, 501; Lagarto, 389; Estância,
334; Itabaiana, 329; Nossa Senhora da Glória, 96; Nossa Senhora do Socorro, 76,
mesma quantidade de Tobias Barreto e; Propriá, 41 cestas", detalhou Ider
Santana.
Para o estudante Fábio Henrique de Souza, do 3º ano do
curso integrado em Química, do Campus Aracaju, as cestas vão ajudar muita
gente, já que muitas famílias perderam poder aquisitivo. "As cestas
básicas vão contemplar as famílias que estão passando por uma situação difícil
por causa da pandemia. O IFS ajudando com as cestas, ajuda os alunos a terem um
desempenho melhor nos estudos e na preparação do aluno para o ENEM, pois ajuda
a família como um todo já que muitas perderam emprego ou tiveram diminuição na
renda", declarou Fábio Henrique.
No interior, a situação é ainda um pouco mais delicada.
Basta ler os depoimentos dos estudantes. "O IFS está fazendo uma coisa
bela, tem muita gente que está precisando. Alimentação é essencial pra
todos", revelou Matheus Vinicius de Alencar Souza, do 7º período do curso
superior em Laticínios, do Campus Glória, localizado no Sertão Sergipano. Ou o
agradecimento pela chegada das cestas básicas do aluno Maxuel dos Santos, do
Campus Socorro. "Talvez não existam palavras suficientes e significativas
que me permitam agradecer com justiça, com o devido merecimento. Mas é tudo que
posso fazer, usar palavras para agradecer. Essa ajuda e apoio foram muito
importantes acredito que para todos. Muito obrigado com todo o carinho e coração.
Para sempre minha enorme gratidão".
E não é só dos alunos que vêm a gratidão pelos alimentos
recebidos. Os pais deles também, como é o caso de Edneuza dos Santos Pereira,
mãe de Carlos Henrique, do curso de Agronegócio, do Campus Itabaiana.
"Isso pra gente é uma bênção e esta escola também é uma bênção. Eu só
tenho a agradecer por meu filho estar nela, porque além de ajudar meu filho,
está ajudando a gente também, todas nós, mães, que têm filhos no IFS. A
situação que estamos passando com tudo isso só sabe Deus", disse,
emocionada, Edneuza Pereira.
VULNERABILIDADE SOCIAL NO BRASIL
O país atingiu a menor taxa de pobreza no ano de 2014, mas após a crise
econômica e o descompasso das contas públicas, o Brasil viu o índice aumentar
em 2017. De acordo com dados da FGV - Fundação Getúlio Vargas, entre estes três
anos, mais de 23,3 milhões de pessoas foram incluídas entre aqueles que estão
abaixo da linha da pobreza. Não há números atualizados depois da pandemia da
Covid-19, mas, de acordo com especialistas, com a taxa de crescimento econômico
em livre queda, a situação é bem pior, pois o aumento da pobreza não é
resultado de decisões tomadas na área social, mas, sim, na economia, com
criação de emprego e renda, tão prejudicados com a pandemia.
A AGRICULTURA FAMILIAR
De acordo com Ruth Sales, reitora do IFS, além de estar ajudando as famílias de
estudantes da instituição, também está ajudando a agricultura familiar. "É
uma via de mão dupla. Porque assistimos nossos alunos e, com a compra desses
alimentos, a diversas Associações e Cooperativas. Portanto, ajudamos ainda os
trabalhadores rurais da agricultura familiar que também estão passando por
dificuldades nesse período de pandemia", avaliou.
Entende-se por agricultura familiar aquela em que todo o
cultivo e mão de obra são realizados pela própria família em pequenas
propriedades de terra e a produção é destinada à subsistência do produtor rural
e ao mercado interno do país. Existem aproximadamente 4,4 milhões de famílias
que cultivam alimentos desse tipo de produção no Brasil. Elas são responsáveis
por gerar renda para 70% dos brasileiros no campo, de acordo com o Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A Organização das Nações
Unidas (ONU) estima que 80% de toda a comida do planeta venha da agricultura
familiar.
Por: Ascom IFS