A
Petrobras elevará a gasolina nas refinarias em cerca de 3,5% a partir de
quinta-feira, acompanhando a elevação nos patamares internacionais do petróleo,
disse a companhia nesta quarta-feira, confirmando a segunda alta do combustível
fóssil desde a posse de Joaquim Silva e Luna como presidente da estatal em
abril.
Com
o avanço, gasolina da petroleira será vendida às distribuidoras em média por
2,78 reais por litro, uma alta de 0,09 real por litro.
Em
nota à imprensa, a Petrobras confirmou informação repassada pela empresa a
agentes do mercado, conforme revelou mais cedo a Associação Brasileira dos
Importadores de Combustíveis (Abicom).
O
preço do diesel, por sua vez, foi mantido estável.
No
acumulado do ano, a gasolina da Petrobras subiu cerca de 51% enquanto o diesel
avançou cerca de 40%. Já o petróleo Brent acumula alta de cerca de 38%.
A
Petrobras disse em nota que "o alinhamento dos preços ao mercado
internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo
suprido sem riscos de desabastecimento".
Além
disso, reforçou que a empresa evita o repasse imediato para os preços internos
da volatilidade externa causada por eventos conjunturais.
Antes
da gestão Luna, os reajustes de combustíveis foram mais frequentes, o que
desagradou o presidente Jair Bolsonaro.
"Nossos
preços seguem buscando o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as
variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para
baixo", declarou.
O
repasse dos reajustes da Petrobras aos consumidores finais nos postos não é
garantido nem imediato e depende de uma série de questões, como impostos,
margens de distribuição e revenda além de misturas de biocombustíveis.
DEFASAGENS
O
presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom),
Sérgio Araújo, disse à Reuters que apesar do reajuste ainda há defasagens nos
preços da gasolina em alguns portos. No entanto, destacou o esforço da
petroleira.
"Vemos
que a atual gestão da Petrobras está buscando acompanhar as variações dos
preços no mercado internacional, como deve ser", afirmou.
O
tema de alta dos preços dos combustíveis tem sido uma questão polêmica do
governo de Jair Bolsonaro.
Desde
que Luna assumiu a presidência da empresa, em 19 de abril, a estatal havia
realizado duas reduções de preços da gasolina e uma alta, enquanto no diesel
houve uma alta e uma queda.
Luna
substituiu Roberto Castello Branco, que deixou a empresa devido a
descontentamento de Bolsonaro com mudanças mais frequentes nas cotações
efetuadas pela administração anterior.
Na
semana passada, o diretor-executivo de Comercialização e Logística, Cláudio
Mastella, admitiu que a companhia contribui com o governo sobre as discussões
para a formulação de um fundo de estabilização de preços de derivados e
comentou ainda que a necessidade de ajustes de preços foi reduzida no segundo
trimestre devido ao movimento de cotações do petróleo e do câmbio.
O
reajuste anunciado nesta quarta-feira vem no mesmo dia em que o governo anunciou
uma Medida Provisória sobre o mercado de combustíveis, que visa buscar uma
redução de preços, permitindo que produtores ou importadores de etanol
hidratado possam comercializá-lo diretamente com os postos.
A MP
também trata da tutela regulatória da fidelidade à bandeira nos postos de
combustíveis, o que gerou protestos do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP).
(Por
Marta Nogueira)