Os estados do Amazonas e da Bahia têm registrado o aumento de pessoas
com a síndrome de Haff, popularmente conhecida como 'doença da urina preta'. Já
são 25 casos em análise, sendo 19 na cidade de Itacoatiara, que fica 176 km de
Manaus, e seis, em cinco municípios baianos: Alagoinhas, Simões Filho, Maraú,
Mata de São Jorge e Salvador. As autoridades de vigilância sanitária e
epidemiológica dos dois lugares investigam a origem do surto.
A doença normalmente é causada após a ingestão de peixes e crustáceos
malconservados. "É uma doença bem rara, e é causada por uma toxina
presente nos peixes e crustáceos. Essa toxina causa uma lesão nos músculos,
chamada de rabdomiólise. Essa lesão libera a proteína mioglobina, que cai na
corrente sanguínea e sobrecarga os rins", explica a infectologista Ana
Senni Rodrigues.
De acordo com a FVS -RCP (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas - Dra. Rosemary Costa Pinto), a rabdomiólise também pode acontecer após na sequência de traumatismos, atividade física excessiva, crises convulsivas, consumo de álcool e outras drogas e infecções.
No Amazonas, a suspeita da vigilância sanitária é que os infectados
tenham consumidos peixes de água doce. A FVS enviou, na última quinta-feira
(26), uma equipe técnica para Itacoatiara para monitorar os pacientes. Dos 19
caosa, oito estão internados, sendo sete no Hospital Regional José Mendes, em
Itacoatiara, e um na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado
(FMT-HVD), em Manaus.
Sintomas e tratamento
Os sintomas da doença são: dores no corpo, dificuldade para andar,
dormência no corpo, e alteração da cor e quantidade da urina, devido à
liberação da proteína mioglobina. Os efeitos da ingestão da toxina aparecem de
duas a 24 horas após a alimentação.
"A toxina acomete principalmente o sistema muscular e com isso
acarreta o comprometimento do rim. A urina fica escura por conta da proteína
chamada mioglobina que temos no músculo, ela tem tipo sangue mesmo, como
componente da hemoglobina, e por isso que vai ficando escura", afirma Anna
Senni.
Não existe um remédio que neutralize a ação da toxina, por isso o
tratamento é clínico. "Não tem um tratamento específico, então o paciente
é tratado a partir da dor e do problema que apresenta. Se está com o rim
alterado, vai tratar com hemodiálise, hidratar. Se está com dor muscular, vai
cuidar da dor", salienta a infectologista.
No ano passado, a Bahia teve um surto da síndrome. Foram 40 casos
confirmados nas cidades de Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Entre Rios,
Dias D’Ávila e Candiba.