"Pode me dar sua
sequência de pente, mas quero que aguente meu sentadão", canta Débora
Tequileira. Ao ouvir os versos, um gringo que não faz ideia do que a letra
significa levanta os braços e balança as pernas. Essa cena já se repetiu
milhões de vezes no TikTok.
É mais uma dancinha viral do
aplicativo chinês de vídeos. Mas se as outras danças ajudaram a revelar jovens
astros pop, essa esconde o nome dos autores atrás de um remix misterioso e
revela falhas do TikTok nos direitos autorais.
"Sentadão" foi
lançada em 2008 pelas Tequileiras do Funk, grupo de São José dos Campos (SP).
Elas queriam repetir "Surra de bunda", que teve certa repercussão na
época com dançarinas que literalmente surravam homens com a bunda. Mas a
sequência não emplacou.
Doze anos depois, o funk
obscuro foi parar no TikTok, com a voz das brasileiras e um remix electro
assinado por um DJ desconhecido chamado Shun, intitulado "Bass da da
da". O nome das Tequileiras não aparece nos vídeos e elas não ganharam um
centavo por eles.
Mesmo assim as Tequileiras
celebram o sucesso com delay. O grupo já tinha desistido de se sustentar com
música e entrou no mercado erótico em 2018. Agora, corre atrás de ser
reconhecido por "Sentadão" - em termos musicais e financeiros.
Já foram publicados mais 2,6
milhões de vídeos com a música - alguns com poucos views, outros tocados
milhões de vezes. Os primeiros registros são de 2019 e, pelas compilações no
YouTube, a mania começou entre usuários chineses.
Há famosos brasileiros na
onda, como Neymar (veja acima). Mas o grosso é de anônimos estrangeiros, como
um senhor fazendo aniversário de 99 anos (veja abaixo). Só uma dança de
soldados do exército dos EUA foi vista 5,8 milhões de vezes.