Quantos são hoje os países com guerras? A guerra na
Ucrânia tem ocupado as atenções globais de modo intenso desde o seu início, em
24 de fevereiro – o amplo espaço midático é facilmente compreensível porque as
agressões militares partem de uma das maiores potências nucleares do mundo e,
por conseguinte, acendem alarmes vermelhos para a segurança de todo o planeta.
Entretanto, há muitos outros conflitos deflagrados
no mundo, que, embora incomparavelmente menos mediáticos neste momento, não são
menos graves em termos de mortes e destruição. Em total, há hoje 70 países
envolvidos em guerras, bem como 869 milícias-guerrilhas e grupos
terroristas-separatistas-anarquistas em ação.
Europa: Daguestão e Chechênia
Além da guerra entre Ucrânia e Rússia, os focos na
Europa são a Chechênia e o Daguestão, ambos territórios da antiga União
Soviética, pertencentes atualmente à Rússia. Nos dois casos persiste uma guerra
entre o Estado russo e grupos radicais islâmicos.
Síria
O conflito mais perigoso da atualidade na Ásia
continua sendo o da Síria, que já ocupou amplamente as manchetes mundiais
alguns anos atrás e, pouco a pouco, foi perdendo espaço na mídia – mas não no
cotidiano da população. Somente em fevereiro, 333 pessoas foram mortas na
guerra civil síria, que já se arrasta há cerca de 11 anos. Segundo o
Observatório Nacional de Direitos Humanos na Síria, 161 das vítimas eram civis,
das quais 34 crianças e adolescentes e 11 mulheres.
Entre militares e milicianos, as vítimas foram 172,
incluindo terroristas do grupo Estado Islâmico, membros das Forças Democráticas
Sírias (SDF), lideradas por curdos, soldados do governo e combatentes
opositores ao regime do ditador Bashar Al-Assad. O Observatório também aponta
um aumento dos bombardeios na “zona de desescalada” que se estende entre os
arredores de Aleppo e a província de Lattakia: mais de 1.400 mísseis foram
lançados contra alvos civis e militares no período (Avvenire, 2 de março).
Outras guerras na Ásia
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Afeganistão: o Talibã assumiu o poder em agosto de
2021;
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Mianmar: na antiga Birmânia, a guerra é contra
grupos rebeldes;
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Filipinas: guerra contra militantes islâmicos;
·
Paquistão: guerra contra militantes islâmicos;
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Tailândia: há áreas de confronto derivadas do golpe
de maio de 2014.
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Iraque: guerra contra militantes do grupo Estado
Islâmico;
·
Israel: guerra contra militantes islâmicos na Faixa
de Gaza;
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Iêmen: guerra contra e entre militantes islâmicos.
Camarões
Na África, a situação em Camarões vem se tornando
mais grave a cada dia. Na parte anglófona, situada nas regiões sudoeste e
noroeste do país, há confrontos frequentes entre as forças armadas nacionais,
que são francófonas, e forças separatistas locais que lutam pela independência.
A guerra é conhecida como Crise Anglófona ou Guerra da Ambazônia, nome da
região em conflito conforme é chamada pelos separatistas. O território abriga
20% da população camaronesa.
O jornalista camaronês Zeta Blaise Eyong resume a
situação: “A vida é quase normal aqui; lojas e bancos estão abertos. Mas há
sempre o risco de que, quando você está no mercado, ou enquanto dirige, alguém
detone uma bomba, você leve uma bala perdida, ou a polícia prenda você porque
acha que você é cúmplice dos separatistas”. Segundo a Human Rights Watch, só em
2020 foram mortos “centenas de civis” por causa dessa guerra, além de “dezenas
de milhares de pessoas” terem sido forçadas a fugir (zetaluiss.it).
Outras guerras na África
Há nada menos que 31 países com situações de guerra
na África. Os focos mais candentes estão em:
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Burkina Faso: confrontos entre grupos étnicos;
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Egipto: guerra contra militantes do Estado
Islâmico;
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Líbia: guerra civil;
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Mali: confrontos entre exército e grupos rebeldes;
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Moçambique: confrontos com os rebeldes da RENAMO;
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Nigéria: guerra contra militantes islâmicos;
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República Centro-Africana: frequentes confrontos
armados entre muçulmanos e cristãos;
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República Democrática do Congo: guerra contra
grupos rebeldes;
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Somália: guerra contra militantes islâmicos do
Al-Shabaab;
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Sudão: guerra contra grupos rebeldes em Darfur;
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Sudão do Sul: confrontos com grupos rebeldes.
Nas Américas
Têm status de guerra, no continente americano, dois
longos e complexos cenários de violência crônica ligada ao narcotráfico em
algumas regiões da Colômbia e do México, incluindo frequentes e devastadores
confrontos armados entre o exército regular e grupos guerrilheiros e
paramilitares armados pelos cartéis de drogas.