Marta de 34 anos, nasceu testemunha de Jeová
no Rio de Janeiro. Cresceu nesse meio, entre amigos e familiares, e aos 19 anos
foi batizada. Anos mais tarde, depois de uma atitude considerada
"mundana", ela foi convidada a sair da religião. Oficialmente, esse
ato é chamado de desassociação.
Em uma rede social, ela conta
que não recebe um abraço dos pais há mais de 10 anos. Sozinha, sem poder contar
com as pessoas da igreja e sem amigos fora dela, ela foi diagnosticada com
depressão. Hoje, ela decidiu não tentar voltar para a religião Testemunhas de
Jeová. Ela conta sobre todo esse processo.
Religião da família
"Eu era testemunha de Jeová desde
pequena, veio de família. Meus pais e toda a minha família do lado materno são
TJ. Eu frequentava reuniões, fiz um progresso lá dentro. Quando estava saindo
da adolescência, mais ou menos com uns 19 anos, fui batizada.
As testemunhas de Jeová se
referem às pessoas que não são TJ como mundanas. E a recomendação é: uma vez
que você está lá dentro, recebendo os ensinamentos, não deve manter amizades
com quem não está ali também.
Essas pessoas podem vir a colocar alguma ideia
na sua cabeça, coisas que vão contra os conceitos apresentados nas reuniões e
que podem encaminhar você para o lado errado.
Eu não posso falar o motivo que causou minha
desassociação, porque ainda moro com os meus pais. Mas foi um motivo que, de
acordo com as normas bíblicas dos TJ, eu sabia desde antes de me batizar que
isso poderia me levar a desassociação.
Foi um processo bem doloroso,
porque eu fiz sabendo que ia contra as normas - e não imaginei que alguém ia
ficar sabendo, que iria acarretar tudo isso.
Eu simplesmente fiz. A questão toda foi quando
foi descoberto. A desassociação é diferente do desligamento. Existem pessoas
que são desligadas pela própria vontade: conversa com os anciãos (líderes) e
explica que não querem mais estar ali - qualquer que seja o motivo. No meu
caso, eu fui desligada.